São Francisco de Assis,
transmite-nos que “Ninguém é suficiente perfeito, que não possa aprender com o
outro e, ninguém é totalmente destituído de valores que não possa ensinar algo
ao seu irmão.”
A missão em Angola
reforçou ainda mais esta mensagem, proporcionando-me aprendizagens de grande
valor a nível pessoal e espiritual.
A casa mãe das FMM -
Franciscanas Missionárias de Maria em Luanda é de facto um centro maternal, que
proporciona afetividade, segurança, que nos transmite de modo tranquilo e
natural espaços de comunicação com o Pai, respeito pelo outro (em especial
pelos mais velhos), palavras de conforto e de valorização, uma vivência
comunitária de partilha e de diálogo, disponibilidade imediata para o outro,
tudo o que é necessário numa família. As bases para um bom crescimento, os
alicerces que nos permitem depois caminhar com segurança e amor.
A organização
da casa, onde cada qual participa de acordo com as suas capacidades, permite
alimentar um sentimento de pertença que culmina num sorriso constante em cada
rosto.
Nesta casa, vivem mulheres guerreiras da paz e luz, com histórias de vida
maravilhosas!
Transmitem-nos com
imensa força que o tempo não tem idade, pois estamos sempre a tempo de dar,
receber e partilhar. Foi extraordinário ver e sentir a força do Ser Humano,
onde a idade cronológica marca um caminho quase de um século e a idade do
coração é marcada pela juventude motivada e alegre, rumo a novas aprendizagens.
Em Luanda partilhámos
(Eu e a Els) conhecimentos de informática e reflexologia dos pés, para com as
irmãs, conhecimentos esses que podem assim ser reproduzidos. Outras partilhas
sucederam com alguns catequistas ao nível da aprendizagem da língua inglesa e
do apoio ao estudo em matemática.
Em Cangumbe, local da nossa missão, muito há para aprender, explorar,
sentir, viver! Aqui, sentimos o coração de África que nos chama a estar
presentes!
Cangumbe, o seu acesso é
dificultado pelo maus estado da via existente, a 90 km de Luena,
aproximadamente 4h de condução, mas em viatura de todo o terrreno. Presentemente,
já está em funcionamento o comboio, que uma vez por semana faz o trajeto de
Cangumbe para a cidade (Luena).
A comunidade encontra-se assim, muito isolada, estando privada de muitos
dos bens essenciais para a sua subsistência, tais como àgua (o rio mais próximo
fica a 12 km), luz, alimentação pouco diversificada (à base de mandioca).
Condições que dificultam a ação dos serviços que existem, tais como Escola e Centro
de Saúde, pois apesar de todos os esforços das equipas de trabalho há necessidades
básicas a serem colmatadas para ser possível efetuar um bom trabalho.
O chowé é a língua de Cangumbe, fomos presenteadas pelos seus residentes,
em especial, os catequistas na integração da sua língua, fazendo-nos sentir
bem-vindas a esta casa.
Respira-se nesta
comunidade a força do ser Humano, de viver as dificuldades diárias e constantes,
sempre com um sorriso de esperança. Aqui as nossas atividades incidiram no
apoio ao estudo e iniciação à costura às crianças e jovens, sendo
extraordinário o seu empenhamento. Aulas de inglês e alfabetização de adultos,
marcadas pela forte presença e motivação.
No Centro de Saúde
iniciaram-se algumas sessões de esclarecimento sobre a importância da
alimentação na prevenção de doenças e apoio aos utentes através de massagens
terapêuticas.
A presença de Deus é bem patente nesta terra, que perante as adversidades
da vida, comunidade que reside à aproximadamente 10 anos naquele local, que
regressou das matas após o fim da guerra e traz consigo a força da fé que passa
de geração em geração. Aqui os catequistas mantêm diariamente a realização da
celebração da palavra, realizada por estes, pois o pároco apenas tem possibilidade
de quinzenalmente realizar a celebração da Eucaristia nesta povoação, dada a
distância e os acessos à mesma. As crianças, jovens e toda a comunidade, têm
agora a oportunidade de conhecer melhor a Deus, com a presença da congregação
das FMM (desde maio de 2012), destacando-se pela sua simplicidade e disponibilidade
de ajuda ao outro.
Em Cangumbe é necessária a força do
Amor, para fortalecer o caminho traçado e dar inicio a novas estradas. A força
está no Ser Humano, pois todos temos dons que podemos colocar à disponibilidade
do outro. Este caminho faz-se de mãos dadas com Deus, que nos acompanha e guia.
Ana Poupino (9 de Outubro a 10 de
Novembro 2012)
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