Missões em Angola

Missão em Angola/Saurimo - Ano 2008- Agosto


Missionária: Carmen Santos (1 mês de missão)

 




Missão em Angola/b´Banza Congo - Ano 2012- Agosto


Missionária: Lúcia Guerreiro (1 mês de missão)
A oração e a ação de cada um transforma e dá força à pessoa que atua, na presença, no gesto, na vivência. No passo que se dá de amar o outro, no ser que cativa e eternamente se sentirá cativado, eis-me aqui, como luz pequenina no mundo. Estas palavras são minhas, sentidas antes de partir para esta experiência como leiga no voluntariado missionário. Agora que a vivência da missão está a chegar ao fim, sinto que Deus está em mim e, é algo maravilhoso. Pôs-me à prova, testei alguns limites da minha existência e consegui perceber até onde me consigo dar e o que na realidade tenho para dar. Estou pronta para o que me espera, ou talvez não esteja, mas acredito que Deus não me faltará.
Por terra angolana escrevo esta minha partilha da experiência que vivi, o caminho está a chegar ao fim, um fim com início na certeza, mesmo sem saber como e de que maneira, pois o desejo de realizar é forte. Somos um pequeno grupo com grande força, acredito que juntos, no futuro bons projetos vão ser feitos, para todas as nossas vivências de missão através das Franciscanas Missionárias de Maria.
Fui a primeira a partir este ano de 2012, serei a primeira a chegar e os passos que arrisquei dar estão contados para o regresso a casa, à vida quotidiana, esta que não será a mesma, pelo menos na perspetiva do olhar o outro, igual a nós com as suas imensas diferenças, escutar com o coração, ver o mundo com os olhos de Deus e acreditar que é possível mais, melhor, mesmo com todas as dificuldades, fragilidades, modo de ser, nosso e do outro que se cruza no nosso caminho de missão como leigos enviados pela Igreja ao serviço do outro, a evangelizar, seja aqui ou em qualquer outro lugar. Assim, só posso sentir o meu coração sorrir, com a alegria inexplicável de ter cumprido um pouco mais do Evangelho em que acredito, “Ide!...” (Lc 10, 3).
Ao longo dos meus 33 dias em terras angolanas, pude visitar e viver lugares, também situações, cultura e pessoas. Estive três semanas na cidade de Mbanza Congo, o centro da “minha missão”, com os alunos da 5ª e 6ª classe da Escola Primária Santo António, uma aventura, por exemplo, iniciaram 82 alunos o seminário de formação bíblica e terminaram 46 alunos, para além de tudo o que me ensinaram os próprios alunos, foi para mim um verdadeiro curso, como praticar pedagogia, ensino, disciplina e em tudo colocar carinho e amizade. Recordo o telefonema de uma aluna a perguntar-me se tinha chegado bem, se a viagem tinha corrido bem, fiquei completamente embebecida com a ternura demonstrada. São sinais de Deus que acalma pensamentos e sentimentos menos positivos, dando-nos aconchego. Também pude conhecer e viver outro projeto missionário, através dos Franciscanos, um centro de acolhimento a crianças e jovens até aos 18 anos de idade, com histórias de vida incríveis e inacreditáveis. Foi uma bênção nesta minha experiência missionária, o carinho, amizade, companheirismo que me ofereceram aquelas crianças e jovens é algo difícil de esquecer e não marcar a pessoa que sou. Senti vontade de mudar o mundo, sabendo que não consigo, senti vontade de fazer de novo, sabendo que não é possível, senti vontade de ficar e dar-me, sabendo cada vez mais que não tenho tamanha capacidade… Pude com tudo isto sentir e viver os frutos do Espírito Santo, cada pessoa é presença do Espírito Santo nela e a caridade, o amor, a ternura, o afeto, a alegria, a partilha, a fraternidade, a bondade, a paciência são obras do Espirito Santo, por tudo sinto a beleza de viver a vida mesmo nas situações menos aprazíveis da própria vivência da vida.
No dia que completei três semanas em Mbanza Congo regressei a Luanda, para no dia seguinte partir para conhecer um local de peregrinação “Mamã Muxima”, um lugar lindo, que dá paz, serenidade, onde a oração para mim faz muito sentido e a procura do que Deus quer para mim é pensado e repensado na busca incessante de perceber se o que eu quero é ou não o mesmo que Deus quer e onde me leva toda esta surdez que possuo, grita-me Senhor estou surda! Quero apenas sentir que realizo o projeto do dom da vida, que para mim é apenas ser feliz.
                Que o agradecimento seja considerado por todas as pessoas que fazem parte da minha vida e desta minha experiência, em cada palavra que escrevi, em cada gesto que fiz, em toda a minha presença, porque simplesmente não tenho como agradecer por tudo, apenas posso dizer obrigado. 







Missão em Angola - Cangumbe - Outubro 2012 

Missionárias: Els (missão de 6 meses) e Ana Poupino (missão de 1 mês)


Testemunho de Els Claes:


O ano passado parti para Angola como voluntária para ficar 6 meses em missão com as Irmãs Franciscanas de Maria. Um sonho, que tinha desde os meus 6 anos. Realizou-se!

Encontrei África como tinha imaginado, desde que vi os diapositivos do Congo dos anos 50-60, que as Irmãs Missionárias da minha escola primária nos mostraram, quando estavam de visita  na Bélgica

A Ana (outra missionária) e eu chegámos em Luanda e logo a vida Africana nos fascinou: as ruas cheias de carros, candungeiros, homens de motocicletas a manobrarem entre as filas, mulheres em panos coloridos carregadas das mais diversas mercadorias empilhadas por cima das cabeças e com bebés às costas, senhoras vendedoras à beira das estradas e muitas, mesmo muitas crianças.
Uma cidade cheia de vida, onde o contraste entre ricos e pobres é enorme.

Após tratarmos dos nossos documentos,  e após nos despedirmos de todas as Irmãs queridas na casa-mãe, continuámos a nossa viagem até ao nosso destino, Cangumbe, no meio dos planaltos da província de Moxico, a 80Km de Lwena, a cidade mais perto.
Fui a Lwena várias vezes, para levar a Ana ao aeroporto, fazer compras, telefonar e mandar e-mails para a família, bem como para dar um curso de Reflexologia dos Pés.

Cangumbe, uma terra parada no passado, onde os vestígios da guerra ainda estão muito presente.

Em Cangumbe, colocaram-nos logo em contacto com o Administrador e a Directora do Centro de Saúde. O nosso trabalho começou!
A Ana deu explicações aos adultos da paróquia e deu paletras sobre nutrição, para melhorar a alimentação da população de lá, que em geral só come « funge»  (papa de mandioca) e explicou a importância das vitaminas e outros elementos tão necessários para ficar saudável. Como nem todas as pessoas percebiam o Português, um dos enfermeiros fez a tradução em Tchokwé, o dialecto local.

Muitas pessoas fugiram da guerra e viveram muitos anos na floresta. Agora, 10 anos após a guerra acabar, começam a voltar para a cidade.
Em Cangumbe e à sua volta há muitos «bairros», onde as casas são feitas com paus e lama à maneira antiga. Cada aldeia tem um «Soba» (chefe), que em ocasiões oficiais veste um uniforme bege.

Durante a semana, quase todos os adultos estão a 12 Km de Cangumbe, nas suas hortas ao pé do rio, onde permanecem a semana toda (pois era tempo de chuva). Levam consigo os bebés que ainda mamam e os filhos mais grandes para os ajudar. 
Poucos adultos ficam na aldeia, e vi muitas crianças de 6-8 anos a cuidar dos seus irmãos mais novos, a semana inteira. Eles tinham que se governar este tempo todo com o funge que a mãe deixava. Muitos deles tinham fome. Por isso, retiravam constantemente com pedras e paus, as mangas verdes das árvores enormes que estavam carregadas de fruta. 


Estavam sempre muito felizes quando os pais voltaram ao fim da semana para celebrar a missa de domingo. Duas vezes por semana passava o comboio, ambas as vezes sobrecarregada de gente e mercadorias.
Nessas ocasiões, toda a população de Cangumbe estava presente na estação, pois era o maior acontecimento da semana.
Crianças, jovens e mães vendiam mel selvagem, hortaliças e frutos dos bosques.
Um vai-vem vivo e alegre, um ambiente de festa: pessoas a  abraçar membros de família que não viam há muito tempo, pessoas que iam ou voltavam do Hospital em Lwena, policias e soldados da tropa que iam substituir outros que voltavam aos seus lugares de origem, etc...E depois, toda esta gente ia voltar ao seu dia a dia, enquanto o comboio se afastava no horizonte.

Entretanto, o meu trabalho incidiu no Centro de Saúde, onde deu massagens e Reflexologia dos pés aos utentes, que às vezes tinham caminhado toda a noite através da floresta, para chegar de madrugada. A maioria vinha acompanhado de toda a família, para lhes fazer comida e lavar a roupa.




Às vezes os quartos eram cheios de doentes com malária ou outros doenças. Surgiu uma situação de surto de tosse convulsa, e a farmácia nem sempre dispunhados medicamentos adequados, mas os enfermeiros fizeram sempre o que podiam. Se era um caso grave, uma ambulância levava-os até Lwena. Também realizei visitas ao domicílio, nas suas « jangas».

Outra das actividades foram as lições de costura, onde os rapazes se destacaram.
Quando souberam que íamos fazer uma «pasta/mala», a sala de trabalho tornava-se rapidamente pequena demais, tantos interessados havia. 
Muitos deles traziam os seus irmãos mais pequenos, estes metiam-se em baixo das mesas com papel e lápis de cor e faziam desenhos maravilhosos, que orgulhosamente levavam para casa.


Nas lições de Inglês, tínhamos o Administrador, o seu secretário, o chefe da tropa, um polícia, alguns catequistas e as Irmãs como alunos. 
As massagens, foi outras das atividades realizadas, contudo as mães, devido ao trabalho nas hortas, não conseguiram aprender, com muita pena sua. Só os enfermeiros, um policia e uma leiga aprenderam esta técnica e como foi um grupo muito ligado, dei continuidade ao trabalho.
Tive a sorte que o Bispo de Lwena nós visitou, que organizou um curso de Reflexologia dos Pés, em Lwena, em 4 Centros  que promoviam a Medicina Natural. Este grupo aprendeu com facilidade esta técnica eficaz na manutenção da saúde e praticámos logo nos 4 centros.

De volta em Luanda, muitas Irmãs também aprenderam a Reflexologia com muito entusiasmo.

Durante estes 6 meses, estive acompanhada com Irmãs e a sua Vida Religiosa, outra experiência nova para mim, e com respeito e agradecimento lembro-me o acolhimento caloroso no seu seio. Claro que, também existiam alguns momentos de tensão, pois somos todos seres humanos, mas também somos todos seres de boa vontade e acreditamos em Deus, Nosso Senhor, e como tal as coisas resolviam-se.
Aprendi várias coisas sobre mim próprio e evolui!
Vi coisas muito bonitas que me exaltaram e colocaram lágrimas nos olhos, como na igreja e eventos sacras, cheios de pessoas de boa vontade;  as cantigas, mesmo quando nem todos cantavam no mesmo octavo, soavam divinas e sobiam directamente para o céu!
As crianças, com olhos brilhantes e sorrisos largos ; as pessoas indígenas que me adoptaram como um  dos seus; o ritmo, a dança, a alegria; a natureza em seu esplendor, tudo isto presentes de Deus.


Espero de todo o meu coração que o mundo se torne um lugar equilibrado onde todos podem viver em paz as suas vidas e criar as suas famílias em alegria.
Obrigada  a todas!
Estamos juntos, sim, Senhor.





Testemunho de Ana Poupino:
São Francisco de Assis, transmite-nos que “Ninguém é suficiente perfeito, que não possa aprender com o outro e, ninguém é totalmente destituído de valores que não possa ensinar algo ao seu irmão.”

 A missão em Angola reforçou ainda mais esta mensagem, proporcionando-me aprendizagens de grande valor a nível pessoal e espiritual.

 A casa mãe das FMM - Franciscanas Missionárias de Maria em Luanda é de facto um centro maternal, que proporciona afetividade, segurança, que nos transmite de modo tranquilo e natural espaços de comunicação com o Pai, respeito pelo outro (em especial pelos mais velhos), palavras de conforto e de valorização, uma vivência comunitária de partilha e de diálogo, disponibilidade imediata para o outro, tudo o que é necessário numa família. As bases para um bom crescimento, os alicerces que nos permitem depois caminhar com segurança e amor.

A organização da casa, onde cada qual participa de acordo com as suas capacidades, permite alimentar um sentimento de pertença que culmina num sorriso constante em cada rosto.

  Nesta casa, vivem mulheres guerreiras da paz e luz, com histórias de vida maravilhosas!
Transmitem-nos com imensa força que o tempo não tem idade, pois estamos sempre a tempo de dar, receber e partilhar. Foi extraordinário ver e sentir a força do Ser Humano, onde a idade cronológica marca um caminho quase de um século e a idade do coração é marcada pela juventude motivada e alegre, rumo a novas aprendizagens.
Em Luanda partilhámos (Eu e a Els) conhecimentos de informática e reflexologia dos pés, para com as irmãs, conhecimentos esses que podem assim ser reproduzidos. Outras partilhas sucederam com alguns catequistas ao nível da aprendizagem da língua inglesa e do apoio ao estudo em matemática.


Em Cangumbe, local da nossa missão, muito há para aprender, explorar, sentir, viver! Aqui, sentimos o coração de África que nos chama a estar presentes!
Cangumbe, o seu acesso é dificultado pelo maus estado da via existente, a 90 km de Luena, aproximadamente 4h de condução, mas em viatura de todo o terrreno. Presentemente, já está em funcionamento o comboio, que uma vez por semana faz o trajeto de Cangumbe para a cidade (Luena).
A comunidade encontra-se assim, muito isolada, estando privada de muitos dos bens essenciais para a sua subsistência, tais como àgua (o rio mais próximo fica a 12 km), luz, alimentação pouco diversificada (à base de mandioca). Condições que dificultam a ação dos serviços que existem, tais como Escola e Centro de Saúde, pois apesar de todos os esforços das equipas de trabalho há necessidades básicas a serem colmatadas para ser possível efetuar um bom trabalho.
O chowé é a língua de Cangumbe, fomos presenteadas pelos seus residentes, em especial, os catequistas na integração da sua língua, fazendo-nos sentir bem-vindas a esta casa.
Respira-se nesta comunidade a força do ser Humano, de viver as dificuldades diárias e constantes, sempre com um sorriso de esperança. Aqui as nossas atividades incidiram no apoio ao estudo e iniciação à costura às crianças e jovens, sendo extraordinário o seu empenhamento. Aulas de inglês e alfabetização de adultos, marcadas pela forte presença e motivação.
No Centro de Saúde iniciaram-se algumas sessões de esclarecimento sobre a importância da alimentação na prevenção de doenças e apoio aos utentes através de massagens terapêuticas.
A presença de Deus é bem patente nesta terra, que perante as adversidades da vida, comunidade que reside à aproximadamente 10 anos naquele local, que regressou das matas após o fim da guerra e traz consigo a força da fé que passa de geração em geração. Aqui os catequistas mantêm diariamente a realização da celebração da palavra, realizada por estes, pois o pároco apenas tem possibilidade de quinzenalmente realizar a celebração da Eucaristia nesta povoação, dada a distância e os acessos à mesma. As crianças, jovens e toda a comunidade, têm agora a oportunidade de conhecer melhor a Deus, com a presença da congregação das FMM (desde maio de 2012), destacando-se pela sua simplicidade e disponibilidade de ajuda ao outro.  

Em Cangumbe é necessária a força do Amor, para fortalecer o caminho traçado e dar inicio a novas estradas. A força está no Ser Humano, pois todos temos dons que podemos colocar à disponibilidade do outro. Este caminho faz-se de mãos dadas com Deus, que nos acompanha e guia.

Ana Poupino (9 de Outubro a 10 de Novembro 2012)






MISSÃO EM ANGOLA - Ano 2013 - Outubro

As jovens Carmen e Marlene, ambas enfermeiras, estiveram um mês em  Angola 
Trouxeram o coração cheio de alegria e muito amor!
A missão foi bem sucedida e viveram experiências magnifica!